terça-feira, 26 de março de 2024

Querido diário...

Estou aqui num impasse, numa dúvida existencial...

Este blogue começou há quase 16 anos como um diário para o meu filho recém nascido e para partilhar a minha caminhada como mãe. Dei-lhe o nome de um dos meus livros preferidos "O Principezinho". Na descrição, coloquei "Desabafos de uma mãe. Para mais tarde recordar e, provavelmente rir de tanta inexperiência junta..." E ó se já me ri com isto tudo! Com a chegada da minha filha, adicionei provisoriamente "Princesinha" ao título, à espera de inspiração para algo mais apelativo, mas foi ficando e, nunca cheguei a alterar. 

Lendo os primeiros anos deste blogue, relembrei muita alegria e momentos felizes, mas também o quão absorvente é ter crianças pequenas, dependentes de nós para tudo. A partir do momento em que fui mãe vivi, respirei, transpirei, desesperei pelos meus filhos enquanto eram pequenos (como é natural e expectável). Defini-me como mãe e, havia muito pouco espaço para ser outra coisa qualquer. Continuo a achar que se um casamento sobrevive aos primeiros anos dos filhos, é para a vida toda. Deixamos de ser marido e mulher para ser mãe e pai de bebés e, todos sabemos o quão absorvente é esse papel e o quanto nos acabamos por esquecer de alimentar a relação e o amor. No nosso caso funcionou porque se eu estava absorvida em ser mãe, o outro estava igualmente absorvido em ser pai, o que não colocou nenhum de nós em posição de ter que exigir do outro o que naquele momento não éramos capazes de dar.

Agora, a maternidade é vivida de forma muito mais pacífica, sou mais uma espetadora do que uma jogadora. A minha função já não é só a de lhes prover as necessidades, mas sim observar e ir dando pequenos toques para acertar trajetórias e orientar. Os meus dois filhos são incríveis: responsáveis, não dão muuuuuitas preocupações (q.b), são muito boas pessoas, com o coração do lado certo do peito e, eu tenho um orgulho desmedido neles. A esta distância, depois de toda a culpa inerente ao papel de mãe (que continua a existir), a toda a incerteza de estarmos a fazer um bom trabalho com eles, consigo saber e sentir que sim, eles saíram ainda melhor do que esperava.

E isto tudo agora, permite-me fazer FINALMENTE, o que eu - Beta - gosto e quero (não sempre, mas muitas vezes). Já consigo dormir quanto quero, sair com o marido, almoçar ou jantar fora, ler livros, estar com amigos, ver séries no sofá, dar beijos e abraços na cozinha enquanto um faz o jantar e o outro arruma a loiça, conversar a 2, a 3, a 4 ou simplesmente estar sozinha porque estão todos nas suas vidas. Sinto que voltei a tomar as rédeas da minha vida e, é uma sensação maravilhosa. Longe vai o tempo em que nem na casa de banho estava sossegada... :) Não quero ser mal interpretada, adoro os meus filhos e adoro ser mãe deles, mas já não me sinto todos os dias a "afogar" na minha própria vida. Já não tenho de trabalhar como se não fosse mãe e ser mãe como se não trabalhasse, já vou conseguindo conciliar tudo, até pelas idades deles, que lhes permite serem mais independentes.

E tudo isto leva-me à questão que deu início a este post: que faço com o nome do blogue? Mantenho o que está? Arranjo outro? Qual? 

Seguem os nomes que pensei, nomes de filmes, livros e músicas:



Devo dizer que estou inclinada para "Smells like teen spirit", no entanto, daqui a uns anos iria ter que voltar a mudar.


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