A guerra dos sexos

Quando fiquei grávida do Tomás, ansiava por uma menina, porque era louca por tudo o que sejam florzinhas e ganchinhos e vestidinhos e bolinhas e cozinhas de brincar e bonecas e tudo isso que revela uma infância muito mal resolvida... Saiu um rapaz e, quando vi a simplicidade que isso implica, fiquei rendida... Nada de sapatos a combinar com cada um dos vestidos, nada de flores e ganchos a fazer pendant com a toilette, nada de unhas pintadas em cor-de-rosa, enfim, uns calções ou calças que combinam com todas as t-shirts e camisolas do roupeiro e 2 pares de calçado por estação e a coisa estava resolvida.

Mas, eis que o destino me trocou as voltas e, agora vem a dita menina... E, aquilo que outrora me fascinava, agora assusta-me. Quando tive a confirmação de que seria uma menina, a minha cunhada e a minha sogra compraram prendas para a bebé que aí vem. Assim que abri o saco, foi uma explosão psicadélica de cor-de-rosa que me incandeou durante uns minutos e eu só consegui balbuciar: "Tanto rosa!" Era o baby grow, o interior, as botinhas, a fralda, o babete, tudo em branco e rosa... Lindos de morrer, é certo, mas uma entrada triunfal e chocante, para o universo feminino, para o qual achava não estar destinada e, que me deixou sem palavras (algo muito raro!). Bem, acho que vou ter que passar por um processo de mentalização, em modo rápido, até Outubro, senão corro o risco de levar a miúda a passear e me dizerem: "Ah que rapazinho tão bonito!!!"